Capitulo 59

Ele levantou-se atraindo a atenção de todos e em silêncio, caminhou rápido até a porta e a mesma se fechou com tamanha força que um estrondo forte se ecoou por toda a casa.
Corri imediatamente até ele, que estava se conduzindo até o seu carro. Antes mesmo que ele abrisse a porta, eu me pus à sua frente. Sua mandíbula estava pressionada e em seus olhos havia fúria.
- Luan, o que você vai fazer? - murmurei encarando seus olhos
- Eu vou acabar com aquele filho da puta - ameaçou em voz alta - Eu juro que mato aquele loiro metido a galã, eu juro !
- Você tá louco? - elevei minha voz até o tom que estava a sua
- Louco? Eu sou louco? Olha só o que aquele infeliz fez. Você agora vai defender ele e ... - o cortei dizendo que não era o Vitor e ele pareceu congelar - ãn? 
- Não Luan, não é o Vitor. - inspirei ar criando coragem para terminar - Ela tá grávida do Pedro, meu primo 
Ele hesitou. Abriu a boca várias vezes para comentar mas em todas ficou calado. Após inflar o peito e sacudir a cabeça, disse: - Ok. Me leva até a casa dele.
- Luan... não sei se é uma boa ideia. Você tá com a cabeça quente e só vai piorar as coisas - disse
- Eu só vou conversar, tá? - estava nervoso um pouco, mas convincente

(...)

- Como isso foi acontecer? - Luan perguntou quando já estávamos no carro e próximos a casa de minha tia
- Bom - ponderei - Creio que eles tenham ficado sozinhos quando Bruna estava aqui, talvez - falei e esperei por sua reação mas não obteve nenhuma. Apontei para a casa.
Ele comprimiu os lábios e estacionou - É aqui? 
- Sim. É - respondi
- Não, não pode ser - ele negou olhando a casa novamente 
- Ué, e por quê? - franzi o cenho
- Mari - ele parecia estar pensando longe, procurando as palavras - Alguma vez na vida você achou que estava sendo perseguida por alguém e entrou aqui?
Minha boca ficou entreaberta e imediatamente lembrei do acontecido naquela noite. Ainda perplexa, conclui que o cara perigoso que estava atrás de mim, era simplesmente o Luan. Sacudi a cabeça e rimos. Por um momento, Luan não pareceu que estava ali querendo arrancar o pescoço do meu primo.
Pudemos ouvir a porta do carro ao ser fechada, pois a rua estava silênciosa e vazia quando chegamos. Pudíamos até ouvir os zumbidos dos grilos na caída da noite. Toquei na campainha e demorou uns dois minutos para que ouvíssemos alguém se aproximar da porta e girar as chaves. Tia Natacha fez cara de espanto quando nos viu, principalmente ao fixar os olhos em Luan. 
- Mari, o que tá fazendo aqui? - ela perguntou-me, mas com os olhos ainda nele
- Sei que é tarde tia, mas nós precisamos muito conversar. É importante - falei e ela abriu passagem para entrarmos 
- O Pedro tá em casa? - perguntei 
- Ele acabou de sair do banho, deve ta ser trocando - respondeu - Por quê? - senti desconfiança em sua voz 
- A gente precisa falar com ele - Luan falou pela primeira vez desde que chegamos
- Ouvi meu nome? - Pedro apareceu na sala com a toalha em mãos secando sua nuca e paralisou ao ver Luan
- Oi Pedro - disse - Bom, a gente tem que conversar - olhei para Luan e em seguida para ele 
- E tinha trazer seu namoradinho? - ele indagou e Luan franziu a testa 
- Não sou bem vindo? - Luan perguntou e eu temi que a implicância pudesse ser aumentada 
- Só acho desnecessário sua presença aqui - ele abriu um sorriso sarcástico franzindo as sobrancelhas 
- Pedro ! - sua mãe o repreendeu mostrando desaprovação - Isso não é jeito de tratar as pessoas. Olha - ela tocou o braço de Luan - eu vou fazer um café pra vocês, não demoro - caminhou até a cozinha antes mesmo de ouvir algum comentário 
- A que devo a honra da - Pedro jogou a toalha no chão e levantou os braços fazendo aspas do ar - visita ilustre na minha casa? - se jogou no sofá com os dois braços abertos 
- A gente veio conversar sobre a Bruna - falei - Você já sabe? - ele balançou a cabeça em negativo - Bom Pedro, ela tá grávida 
Um silêncio pairou no ar e nós focamos em esperar uma resposta dele
- Tá. E daí? - ele deu de ombros, ainda sentado, sem a menor feição de preocupação ou espanto no rosto. Luan inflou o peito e virou-se de costas, sua raiva era completamente visível. 
- Como assim " e daí"? - minha indignação mostrou-se - Você vai ser pai, será que não entendeu?
- Não - ele levantou-se - A Bruna vai ser mãe.
Luan virou-se e o encarou de tal forma que até eu mesma senti medo dele. Seus lábios ficaram cerrados e a respiração ofegante - Garoto eu não tô de brincadeira, a minha irmã tá grávida e você vai dar conta disso - ele chegou mais próximo dele, mas Pedro continuava com o ar de ironia em sua face
- Escuta aqui. Primeiro de tudo que eu não tenho medo de um playboyzinho como você. Sou mais velho. Se acha que tá me pressionando, sinto muito em te decepcionar. E segundo, não tenho culpa se a sua irmã é uma vadiazinha que trepa com o primeiro cara que vê a disposição - Luan fechou os olhos como se estivesse engolindo o que acabara de ouvir e abriu-os após um breve segundo
- Não me irrite - ele falou pausadamente e com a voz embargada. Os dois encaravam-se, Luan falando cada palavra em tom ameaçador e Pedro, mantinha sua expressão inicial 

- Venham, eu já fiz o café - ouvimos tia Natacha gritar da cozinha.
Luan deu meia volta mas antes mesmo que pudesse dar mais alguns passos, Pedro jogou a bomba: - Eu posso até não ir com a sua cara mas, você tá de parabéns. Sua irmã é uma delícia - imediatamente ele parou e hesitou por um breve segundo, logo em seguida encheu a mão em um soco no rosto de Pedro

 - Ai meu Deus - levei as mãos a boca em um gesto de espanto
Pedro mantinha a boca entreaberta respirando de maneira acelerada, os olhos encarando o chão e a outra mão secando o sangue da lateral de seu lábio - Eu mato você seu merda - ele manteve os olhos intactos em Luan e avançou-se para cima dele 
- PEDRO NÃO - gritei, mas foi em vão, logo os dois estavam em luta corporal novamente. O soco que Pedro planejava dar, foi desviado por Luan e o mesmo repetiu seu gesto, acertando em cheio seu rosto novamente 

Luan arrastou-o. Segurou sua camiseta com as duas mãos e o imprensou  contra a parede. Ele parecia um brinquedinho entre seus dedos. Sobre o seu domínio, ele murmurou duramente

 - Eu avisei. Você vai assumir o que fez, vai ser a sua obrigação. Meu sobrinho vai nascer com pai. E não pense que eu estou feliz por isso. Estou fazendo pela minha irmã, claro que não precisamos e muito menos queremos alguém como você perto de nós. Mas você não vai brincar com ela, fazer a cagada que fez e achar que vai sair livre disso

- Ué vocês não vão ... - tia Natacha entrou na sala e presenciou a cena - O que tá acontecendo aqui? - questionou perplexa

Luan retirou suas mãos de Pedro e manteve seus olhos em cima dele - Nada. Nós já resolvemos o que tínhamos pra resolver, não é?  

Pedro ajeitou a camisa e limpou novamente o canto da boca novamente.

- Pedro? - minha tia viu o estado de seu rosto - O que aconteceu aqui Mari?

Eu ainda estava em choque e minhas palavras saíram cortadas - Pedro vai ser pai 

Ela manteve-se olhando para mim com a expressão congelada - O quê?

- Isso mesmo. Minha irmã tá gravida dele. O bonitinho não queria dar conta mas a gente pelo visto já se entendeu - disse Luan

(...)

Finalmente estávamos em frente ao meu prédio, mas ainda dentro do carro. O caminho inteiro nos mantivemos em silêncio. Luan concentrado na estrada, com a expressão dura, e eu, olhando pelo vidro da janela. 

- E então ... - tentei puxa assunto, mas ele continuou do mesmo jeito - Não fez o que você queria? Posso saber por que continua com essa cara?

Ele sacudiu a cabeça com os lábios em linha dura - Não pense que eu tô feliz com você - ele murmurou com o rosto ainda virado 

- O quê? - perguntei espantada

- Você tem culpa nisso tudo. Eu confiei em você - dessa vez ele virou o rosto para mim - Confiei em você e olha só o que aconteceu. Minha irmã voltou grávida. 

- Eu não tenho culpa Luan, foi a sua irmã quem fez isso - defendi-me

- E por que a Bruna teria ido pra casa da sua tia? Ela nunca teve motivo pra isso, vocês nunca foram super amigas. Você sabia o tempo todo não é? Você deu um jeito pra ela ficar com aquele crápula do seu primo

- Luan não... - tentei dizer algo mas fui cortada por ele

- Você sabia de tudo. Deu permissão pra ela, apoiou não foi? - desviei nossos olhos e não consegui dizer nada - Eu sabia - ele contraiu os lábios - Ela tava com aquele cara ainda Mariana, ela tava com ele. E eu gostava dele, mesmo não admitindo. E VOCÊ DEIXOU QUE ELA TRANSASSE COM OUTRO CARA? VOCÊ DEU PERMISSÃO PRA ISSO. VOCÊ DEIXOU ELA FAZER ESSA BURRADA.

- Luan olha o que você tá dizendo. Eu não imaginei que ela fosse transar com ele, Luan, porque era a Bruna, sua irmã

- Como você pôde Mari? Levar a minha irmã para aquele lugar, ela a fim do seu primo e namorando o seu amiguinho? Acho que ninguém esperava essa de você, muito menos eu. 

Enquanto Luan falava parecia que um peso de uma tonelada caía sobre mim. Eu não havia percebido, mas naquele momento eu estava concordando com ele, eu realmente tive uma parcela de culpa nisso tudo. Senti lágrimas quentes dentro dos meus olhos e a cada palavra que saía da boca dele, minha garganta se fechava, formando um grande nó.

- Sabe o que eu acho? - ele estava visivelmente abatido, mas mantinha-se firme em suas palavras - Acho que o tempo passou e a gente mudou. Eu mudei. Você mudou. Hoje você mostrou ser uma pessoa que eu nunca imaginei que existisse. E eu não quero mais me surpreender com mais nada vindo de você Mariana, porque eu tô realmente magoado. Mesmo. Acho nos enganamos quando achamos que uma coisa antiga poderia dar certo de novo.

Eu o olhei sentindo meus olhos encherem de água e ligeiramente meu peito começar a doer - Não, Luan. Por favor, você não pode - falei com a voz embargada

- Sim Mariana - ele fechou os olhos e engoliu em seco - Sinto muito. 

Apertei meus lábios e dei uma última olhada nele antes de sair daquele carro sentido-me completamente massacrada e traída pela vida. 

Tretas, tretas, tretas. Não disse que ia ter? Luan foi duro, mas pelo visto conseguiu fazer Pedro dar conta do que fez. Mas a situação ficou complicada entre ele a Mari. E agora?
Estou feliz por ter alcançado a meta amores, feliz mesmo. Muito obrigada. Bom, fiz o melhor que pude para tentar deixar o capítulo maior. 
Vamos tentar outra vez? 10 comentários e o capítulo vai continuar maior que o normal, pode ser? Será que conseguimos? Não custa tentar (=
Encontro vcs novamente no próximo.
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Bjs