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Capitulo 36

Estranhei quando vi que ele carregava em suas mãos a mochila da minha filha, da Mari.
- Pois não senhor – disse
- Chame a sua filha – disse frio
Abordei Mari que saia da porta do banheiro da loja.

#Mariana Narrando

Fui até o banheiro e quando saí meu pai estava na porta. Ele parecia nervoso e me levou onde estava seu Daniel, seu chefe o esperando.
- Garota, você pensa que eu sou idiota? Que eu pago seu pai para servir de palhaço? – encarou-me com fúria no olhar enquanto suas palavras saiam
Lancei um olhar de desentendimento ao meu pai- O que está acontecendo seu Daniel?
Ele imediatamente abriu minha mochila e para o meu espanto, retirou várias roupas com etiquetas.
- Como você pôde trazer sua filha aqui para roubar coisas da loja? – se referiu a meu pai
- Senhor Daniel deve haver um engano, eu juro que não foi eu quem pegou essas roupas, eu juro. Minha mochila ficou jogada por aí enquanto eu estava no banheiro, eu juro que eu não peguei nada. – disse aflita
- Não tenta se fazer de vítima pra cima de mim garota, e acho que isso deve vir acontecendo há mais tempo não, é? Minha filha me disse que você anda toda arrumada por aí, coisa que não acontecia antes.
- Seu Daniel por favor, todas as roupas que a Mari usa eu compro com o meu dinheiro, inclusive com o salário que o senhor aumentou. E nem se quer nessa loja eu compro. – meu pai me defendeu
- Pois então dê adeus ao seu salário e aqui. Eu não aceito ladrões em minhas lojas, por um momento pensei que você fosse honesto Carlos. Mas hoje vejo que você é capaz de trazer a sua filha aqui para roubar pertences da loja. Logo eu que tanto te ajudei, aluguei até uma de minhas casas pra você. Mas cansei de ser bonzinho com gente pobre, chega! Vai embora daqui com a sua filha e faça o favor de nunca mas nem passar em frente aqui.
Lágrimas rolaram de meus olhos, mal pude acreditar no que acabara de ouvir.
- O senhor não pode demitir ele seu Daniel, ele não tem culpa de nada. Meu pai da à vida por esse emprego, eu juro por tudo que eu não peguei nada daqui eu odeio sabotagens, por favor não manda meu pai ir embora. Mesmo que eu não mereça, me castiga, me bota pra trabalhar aqui de graça, qualquer coisa. Mas não faça uma coisa dessas com um homem tão honesto como o meu pai.
- Mari chega por favor, ele já tomou a decisão dele – meu pai disse em tom baixo, tristonho
- Não pai, isso é injusto. Eu não peguei nada, o senhor sabe disso. Você não pode ir embora desse lugar, eu vejo o quanto você dar seu sangue por esse trabalho.
- Eu já disse que quero vocês longe dessa loja, não disse? – Daniel ordenou jogando a mochila em mim
Meu pai pegou suas coisas e fomos juntos para casa. Eu chorando o caminho inteiro e ele tentando me consolar dizendo que a culpa não era minha. Mas eu me sentia culpada, mesmo não tendo sido eu quem pegou aquelas malditas roupas. Eu jamais faria isso, tenho horror de gente desonesta. Mas agora eu só sabia chorar, por ter feito meu pai perder o emprego. Ele todo desconsolado, me abraçava tentando me acalmar. Disse que o Daniel se precipitou e logo ele arrumaria outro emprego.
Chegamos em casa e abracei minha mãe forte 
Logo explicamos tudo que aconteceu a ela que também ficou abatida. Mas acreditou em mim quando disse que não tinha pegado nada.
Tranquei-me em meu quarto e deixei meus pais conversarem na sala. Chorei desesperadamente enquanto tentava raciocinar. Mas não conseguia concluir de quem poderia ter feito isso. Isso é muito baixo, custar logo o emprego do meu pai. Ele que ganhara tão pouco sempre e estava tendo a oportunidade de mudar. Sempre vi o quanto ele se esforçara para dar seu melhor. E agora tudo acabara e eu acusada de ser a culpada por tudo. Mas não fui eu.
Meu pai já completou 40 anos e nessa idade arranjar emprego já é complicado. Mil pensamentos me rondavam, aumentando minha aflição. Peguei no sono com a cabeça explodindo de tanta dor.
A luz forte entrara na janela iluminando todo meu quarto. Despertei-me com a luz do sol afetando meus olhos. Ainda estava com a mesma roupa de ontem. Tomei um banho e reparei no espelho o quanto meus olhos estavam inchados. Logo retomei tudo que vivi ontem.
Fui até a sala e não encontrei ninguém, apenas ouvi um barulho de choro. Vinha do quarto da minha mãe. Abri a porta e a encontrei sentada na cama em prantos, com um papel em mãos - Mãe, o que houve? – fui até ela que só soluçava com os olhos no tal papel
- Mari... Mari... seu pai Mari – disse entre soluços
Peguei o papel de sua mão com esperanças de entender o que estava acontecendo. Havia nele a letra de meu pai.

Primeiramente já começo essa carta pedindo desculpas.
Isabela e Mariana. Antes de tudo, quero que saibam que vocês são exatamente tudo para mim. Minha vida se resumiu as vocês duas, e se tenho forças para continuar, acredite, é por vocês.
Sei que o acontecido abalou todos nós. Inclusive eu. Venho avisar que agora estou de partida. Mas não, eu não abandonei vocês. Um dia entenderão por que fui embora, quando eu voltar provavelmente.
Um dia o ser humano cansa de ser tratado da mesma forma todos os dias. Cansa de ser humilhado pelas pessoas ao seu redor. Mariana eu sei que você já passou por isso. Eu te entendo minha filha, te entendo muito bem.
Como já disse, não estou as abandonando. Quando eu voltar, voltarei com um futuro digno a nós.
Isabela, eu te amo. Você é e sempre será à mulher da minha vida. Meu primeiro e meu único amor. Não me abandone de coração, peço que me espere.
Sei que o Daniel irá pedir a casa de volta e então já providenciei tudo. Junto com esse envelope há duas passagens para Maringá no Paraná, onde minha irmã mora. Ela abrigará vocês. Sei que não vai ser fácil abandonar Campo Grande, principalmente para a Mariana. Minha filha me desculpe por lhe fazer sentir essa dor mas, é a única maneira que resta para esse momento. O seu amor por aquele garoto é verdadeiro, ele não a abandonará.
Termino essa carta me despedindo brevemente de vocês. Creio que quando tudo der certo, vocês possam me perdoar.
Desejo boa viagem e que tudo se resolva daqui para frente.

Eu amo vocês.
                        Carlos Caetano Alcântara

Meus olhos rolaram pela carta relendo-a várias vezes. Pisquei repetidamente tentando por em mente o que acabara de ler. Meu pai se despedindo de nós?
- Ele ta indo embora mãe? – perguntei a ela que não me respondeu nada, apenas saiu do quarto.
Sentei na cama com os olhos fixos na letra curvada de meu pai no papel. Mal pudera acreditar que nesse mesmo dia teria que abandonar Campo Grande e viver afastada de meu pai. E de Luan. Não, não posso abandonar o Luan, jamais. Ele é a minha vida, não consigo viver afastada dele, não significo nada sem ele. Ao meu lado na cama, estavam as passagens áreas com destino à Maringá. Então é isso, eu viverei longe do amor da minha vida, e ficarei em outro estado ao lado de uma tia que eu mal conhecera. E teria ainda que suportar a dor de não ver mais meu pai. Temi que isso fosse realidade, só queria acordar desse pesadelo. Mas não era, era o meu presente. Meus nervos estavam fervendo e meu coração quase saindo pela boca. A raiva que estava sentindo era tão forte, capaz de fazer minhas pernas tremerem. Ainda em choque tentei sair um pouco daquela casa para tomar um ar e colocar os pensamentos no lugar. Perambulando pelas ruas com o olhar perdido, uma voz chamou pelo meu nome. Desviei tentando encontra-la sem muita vontade e ao mesmo instante Rodrigo veio até mim.
- Preciso falar com você
- Não quero falar com ninguém Rodrigo, preciso ficar sozinha vai embora – disse entre lágrimas
- É importante e você precisa me ouvir, por favor – então concordei e ele começou a falar – Olha sinto muito pelo seu pai
- Como você sabe? – questionei perplexa
Ele tomou um longo fôlego e continuou – Preciso contar tudo a você. E olha, primeiro quero dizer que eu errei, errei muito. E tudo que fiz foi porque queria você, mas juro que me arrependi.
- Rodrigo eu não to entendendo nada, olha minha cabeça ta muito confusa e eu não to bem. Se você quiser falar alguma coisa, diz logo. Abre o jogo.
- A Roberta se aproximou de mim porque me observou olhando você. E no primeiro momento você me atraiu e eu te queria a todo custo. E então ela me disse que queria ter o Luan para ela. Assim fizemos um trato. Um de nós teria o que queríamos se nos ajudássemos. Tentei te conquistar na primeira vez mas não deu certo, você logo se tornou namorada do Luan. E então eu e Roberta jogamos sujo. Ficamos obcecados e ultrapassou o sentido da palavra atração.
- Aonde você quer chegar Rodrigo? – o encarei completamente surpresa
- Fui eu quem te empurrou no lago naquele dia a mando da Roberta. E ontem eu distraí seu pai para que ela colocasse aquelas roupas na sua mochila e te incriminasse. Me desculpe Mari, mas a Roberta me dominou e hoje eu me arrependo profundamente por ter feito isso. Tentei te contar outra vez mas não tive coragem e acabei errando de novo. Mas me desculpa por favor
- Você tem noção do que fizeram? Vocês acabaram com a minha vida – chorei em desespero – Tudo por causa de status. Vocês são sujos, eu tenho nojo de vocês. Olha o ponto que puderam chegar.
- Mari me entende, eu to arrependido me desculpa por favor – aproximou-se à mim tocando-me
- NÃO TOCA EM MIM, ME SOLTA. IDIOTA, VOCÊ É UM IDIOTA. NOJENTOS, IMUNDOS. EU TENHO NOJO DE VOCÊS DOIS, EU ODEIO VOCÊS – gritei o impedindo de me tocar 
- SEU ESTÚPIDO, AINDA TEM A CARA DE PAU DE PEDIR DESCULPAS DEPOIS DE ARRUINAR A MINHA VIDA. ME SOLTA, EU TE ODEIO RODRIGO, EU TE ODEIO. – dei um empurrão nele
Saí correndo em direção à escola. Previ que Roberta estaria lá e não faltava muito tempo para as aulas acabarem. Do lado de fora pude ouvir o sinal tocar e a esperei ansiosamente. Logo ela saiu do portão vestida com um short curto, uma camiseta branca e um bolero rosa por cima. Despediu-se de suas amigas e andou parecendo desfilar com seus óculos de sol. Parei a sua frente e ela pareceu surpresa.
- Sai da minha frente garota, não suporto mais a sua cara – disse desviando-se, mas a segui e a encarei por alguns segundos.
- Tenho uma coisa pra dizer a você Robertinha – minha mão ardeu ao chocar-se bruscamente ao rosto dela, fazendo assim ele inclinar-se e seu óculos caírem sobre o chão
- O que deu em você garota? – seus olhos arregalaram-se a mim
- Você ainda não viu nada – meus nervos saltitaram causando-me fúria interior. Voei para cima dela e descontei toda minha raiva 
- Não era isso que você queria? Acabar com a minha vida? Parabéns, você conseguiu – disse enquanto meu corpo estava acima dela e minhas mãos descontavam minha raiva em sua face dando-lhe vários tapas que marcavam sua bochecha – Mas agora espero que você nunca mais se esqueça de mim e que seja pela pior maneira. Eu cansei de ser humilhada por você, entendeu? Eu cansei, agora chega. Você é uma víbora – dei-lhe outro tapa – Imunda, podre, sem caráter. Vagabunda – dessa vez o tapa foi maior ainda e sangue voou de seus lábios. Uma aglomeração de pessoas se formaram ao nosso redor presenciando toda aquela cena – Vadia suja, cachorra. – a deixei jogada no chão, com várias pessoas a observando, se ela achou que foi humilhada aquele dia na aula de história, nem imagino o que pense dessa vez. Não sei de onde tirei tantas forças para isso, talvez o amor seja forte o suficiente capaz de te obrigar a fazer tudo.Voltei para a casa e encontrei minha mãe com as malas prontas.
- As passagens são para hoje?
- Sim, vá se arrumar Mari. Nós iremos agora de tarde – seu tom era frio
- Eu não posso ir embora mãe, nem se quer vou me despedir do Luan  -choraminguei
- Você tem celular é só ligar para ele – ela estava muito séria, até temi
- Mas não estou conseguindo ligar pra ele mãe, o que vou fazer?
- Mari, apenas se arrume ok?
Estava pronta. Seguimos de táxi a caminho do aeroporto. Meus olhos observavam as estradas de Campo Grande. O carro atravessava e podíamos avistar um parquinho com várias crianças brincando. Imediatamente minha vida inteira passou como um flashback em minha memória 
(ignorem a chuva)
#Flashback on

- Mas e se eu cair ? – questionei montada em minha bicicleta que acabara de ganhar de meu pai quando tivera 5 anos
- Você não vai cair não Marianinha é só confiar em você mesma. Mas se cair o papai vai estar aqui atrás para segurar você ta bom?

#Flashback off

Um nó enorme formou-se em minha garganta. A falta do meu pai seria constante e sem ao menos saber onde poderia estar agora, só aumentava minha dor.
- Chegamos – o motorista do táxi anunciou. Minha mãe pagou a ele e então saímos do carro. Ela continuara fria. Sei que estava sofrendo e queria transparecer forte.
Aguardamos a chamada para o nosso vôo sentadas naquelas cadeiras duras de espera. Uma sem falar com a outra, tentando amenizar a dor que sentíamos de estar indo embora daquele lugar. Logo o avião decolou. E quem diria que a minha primeira viagem área seria comigo assim, com dor no olhar e o coração estilhaçado deixando Campo Grande em meio ao pôr do sol. 

Eeeeeei ! Quanta coisa nesse capítulo não é? Carlos desempregado, Mari acusada de roubo, Rodrigo confessa tudo, Roberta leva uma surra e Mari vai embora de Campo Grande. Como ela e Luan ficarão nessa história? Por que o Carlos decidiu ir embora?
Quero ver vcs comentando virão? O que vocês acharam? Opinem por favor *-*
Aguardo vocês no próximo.
Beeijos
@neverso_lr

Comentários

  1. perfeitoooo choreiii bem feito para roberta

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  2. ai nãoo q triste, não queria que tudo acabasse assim, tudo culpa daquela vaca. Luan vai ficar arrasado. E tudo vai ficar mais difícil entre eles.

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  3. chorei aqui :''(
    nossa que coisa horrivel,foi bem feito os tapas na cara dessa bruxa.
    tadinho deles dois agora!
    continuaaaa @carol_mellos2

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  4. Ñ acredito que eles nem se despediram :-(

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  5. Vc acabo com meu emocional cara :( continua

    @lovaticdols

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  6. Que triste. Agora o Luan vai achar que a Mari abandonou ele. Eu acho que o pai da Mariana vai ficar rico >

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  7. Leitora nova. Parabéns, você acabou com meu emocional, rsrs... estou amando tua fanfic! Continua logo, por favor
    @universobruneca

    ResponderExcluir
  8. Leiitoraa novaa. Parabéns suaa fanfic é maravilhosaa e eu estouu amando elaa
    Continuaa logoo
    @karolSa_LRDS

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